quarta-feira, janeiro 25, 2006

O último diplomata...


Imagino que Roque Choi nunca tivesse desejado para si a glória devida a quem por momentos tem por seu o trabalho das parcas e joga, numa mesa rasa e mal iluminada, o destino de um território.
Se as nações inspiram dignidade, Portugal deve a Roque Choi a dignidade que lhe resta no que respeita à turbulência dos derradeiros dias da sua história expansionista e colonial.
Macau, deve-lhe, por sua vez a história e o estatuto que tem. Talvez os casinos, os néons e o propalado desenvolvimento.
Sem que o sangue português fosse em Roque Choi pretexto ou arma de arremesso, Portugal tem no antigo secretário de Ho Yin um dos melhores diplomatas da sua história recente.
Um diplomata por exigência das circunstâncias e pelo rumar da história, mas um diplomata. Terá evitado - nunca se saberá bem ao certo até que ponto - que o fim da presença portuguesa em Macau se houvesse tecido da mesma forma abrupta com que se talhou o adeus de Portugal a Goa.
A Macau, evitou o frémito e a voracidade de uma integração forçada numa China que vivia com furor os anos da Revolução Cultural, do renascimento pela morte e pela destruição. Roque Choi foi um dos homens, que, numa ponte de bambu, não deixou que o tufão Mao passasse.
Não que fosse má, a passagem. Não que fosse boa. Teria sido apenas diferente. E é pelo diferente que não teve lugar à existência que o Prestes-João se junta ao Sínico na homenagem.