sexta-feira, novembro 26, 2004

O DVD voador

Isto de se escrever sobre o Benfica tem umas coisas que se lhe diga. Conheço benfiquistas de todos os géneros. Dos que roncam grosso e à moda do Porto, aos benfiquistazinhos pequeninos, que nao se lembram da ultima vez que o Benfica colheu as glórias do campeonato por serem por esses dias projectos de pessoas, todos partilham o sobranceiro sentimento de se sentirem parte de alguma coisa grande, ainda que não saibam muito bem explicar de que amplitude e porque razão tanta grandeza.
Conheço benfiquistas nascidos em 1971 que se lembram com lucidez total das fintas e das raviengas do Eusébio nas duas finais dos campeões e conheço benfiquistas que falam de penalties nao assinalados em 1986, de erros crassos dos arbitros no jogo da segunda mão da supertaça de 1996 e açambarcam com um amor filial essas memórias como se elas fossem tangíveis e palpaveis.
Conheço benfiquistas que são adeptos patologicos: adoecem se o Benfica nao ganha, nao consolam a mulher se o Benfica perde, discutem fervorosamente se o Benfica empata. Conheço outros comedidos e calados e outros que são do Benfica por herança e dizem que um recanto da alma só pode ser vermelha. Por ser o Benfica tão manifesto e tão plural, é justa que se reconheça no nome do Benfica alguma grandeza. Ligeiro seria dizer que o Benfica passeia-se muito da reputação.
E é por ser o Benfica ente de grandeza, que escrever sobre o Benfica não é escrever sobre arroz de tamboril ou sobre pipocas caramelizadas. Escrever sobre o Benfica tem muito que se lhe diga. Muito é, esclarecidamente, os tais sete milhões inflacionados de Benfiquistas que se diz existirem espraiados por esse pais fora. Convenha-se que ter sete milhões de Benfiquistas à perna não deve ser tarefa fácil; pior, só o Salman Rushdie com a fatah arremessada contra ele pela metade mais flibusteira do mundo, o exército dos anjos "allahdos".
Desvirtuando as possiveis fatah's da casta benfíquica, comovo-me até com as caricias namoradeiras que se trocam lá para o lado de Lisboa. A delegação cardinalicia do SLB decidiu-se, ao que parece, a levar ao Coro dos Pequenos Políticos de São Bento ecos desse grande problema nacional que são as irregularidades nas arbitragens de futebol. É que, sejamos francos, caramba: já é exagero tanta pouca vergonha dentro das quatro linhas, tanto olho tão pouco enxuto, sr. ministro, sete milhões de portugueses viram que aquela bola entrou e temos aqui para si, sr ministro, um dvdzinho onde poderá ver mesmo que a redonda lá foi dentro.
Intrigado estou eu é com a resposta do ministro:
- "Só por cortesia é que o dvdzinho não voou pela janela fora..."
Será que o ministro não tem medo de uma fatah de sete milhões de benfiquistas?

1 Comments:

At 6:04 da tarde, Blogger Marco Oliveira said...

Pois é.
Mas a verdade é que os dirigentes lampiónicos não perceberam o ridículo a que se expuseram...

 

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