Regressões
No fim do século XIX ditaram a morte de Deus e o esvaimento do filão da ciência. Eram tantas as maravilhas e as possibilidades, que tudo parecia engendrado em definitivo, que nada mais parecia prolongar o Homem e perdurar para além do seu imaginário racional. Como o Homem se suplanta na amplitude do que é a manifestação de si mesmo enquanto ser pensante, o falso anúncio do fim dos tempos melindrou e novas manifestações do génio e do espírito humano explodiram na ciência e na técnica, na arte e na política, porque o Homem, soerguendo os impulsos da sobrevivência, recriou-se para além de si mesmo.
A arte como recriação do real foi invertendo a lógica com que o próprio real é entendido e inaugura como que a era do pensamento pós-científico, acabando mesmo por permear o divórcio com noções anteriormente entendidas como essenciais para o conformar da própria fenomenologia artística. Divorciou-se da estética, divorciou-se da lógica, divorciou-se da materialidade objectiva. Abriu, dizem os transeuntes na sua existência, as portas da possibilidade de se repensar o pensamento.
Evoluiu pela desobstrução daquilo que no Homem sempre foi epifania e palpabilidade para aquilo que na história da ontologia humana é a essência: o caos. Da imagem transmudou-se em ícone e de ícone expandiu horizontes até a uma amplitude do ser que é ontológico e gnosiológica no mesmo instante e no mesmo horizonte: a presença suprema, a extensão máxima, a compreensão mínima.
De feição construtivista, a essência da arte migrou da figura para o esboço, do esboço para o traço e do traço para a folha branca e desta para a leitura divinatória, telepática. O mesmo será dizer que evoluiu da constrição figurativa para o abstracto total, não só o abstracto técnico, mas o abstracto nihilista, da orquestração apolínea para o pulsar dionisíaco e é arte hoje a abordagem extemporânea do real, de forma que o quotidiano combinado com o absurdo são toda e qualquer manifestação onde a arte persiste. Insossa, sem estética, caótica, inviável, a arte hoje catalisa já o caos universal, esgotadas que estão as possibilidades de concretização do Homem.
A arte total, como ausência em si mesma, está a um passo de distância. Um dia virá, pois, em que a arte será a barbárie e a barbárie será a morte.
A arte como recriação do real foi invertendo a lógica com que o próprio real é entendido e inaugura como que a era do pensamento pós-científico, acabando mesmo por permear o divórcio com noções anteriormente entendidas como essenciais para o conformar da própria fenomenologia artística. Divorciou-se da estética, divorciou-se da lógica, divorciou-se da materialidade objectiva. Abriu, dizem os transeuntes na sua existência, as portas da possibilidade de se repensar o pensamento.
Evoluiu pela desobstrução daquilo que no Homem sempre foi epifania e palpabilidade para aquilo que na história da ontologia humana é a essência: o caos. Da imagem transmudou-se em ícone e de ícone expandiu horizontes até a uma amplitude do ser que é ontológico e gnosiológica no mesmo instante e no mesmo horizonte: a presença suprema, a extensão máxima, a compreensão mínima.
De feição construtivista, a essência da arte migrou da figura para o esboço, do esboço para o traço e do traço para a folha branca e desta para a leitura divinatória, telepática. O mesmo será dizer que evoluiu da constrição figurativa para o abstracto total, não só o abstracto técnico, mas o abstracto nihilista, da orquestração apolínea para o pulsar dionisíaco e é arte hoje a abordagem extemporânea do real, de forma que o quotidiano combinado com o absurdo são toda e qualquer manifestação onde a arte persiste. Insossa, sem estética, caótica, inviável, a arte hoje catalisa já o caos universal, esgotadas que estão as possibilidades de concretização do Homem.
A arte total, como ausência em si mesma, está a um passo de distância. Um dia virá, pois, em que a arte será a barbárie e a barbárie será a morte.
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