sexta-feira, outubro 29, 2004

Mar de Inverno (2)

Quem ama o mar, abraça a morte. Anteontem as vagas assombravam, deslumbravam, agarravam. Tanto que o rugir assanhado do mar parecia melódico no caos, fascinante na ira, como se as sereias de Ulisses soltassem nele canções vespertinas e silentes que adormecem e arrebanham, que amarram e mortificam.
Para um pescador o mar é o mar, não há cá lugar para metáforas. É o pão para a boca e a mortalha no caixão. Anteontem as vagas assombravam, deslumbravam e agarravam. Enlutavam. E enlutaram.
(Ainda na Figueira, de novo frente ao mar)

1 Comments:

At 7:28 da tarde, Blogger Pecola said...

O mar é mesmo uma tentação..

 

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