quinta-feira, janeiro 20, 2005

Finding Nederland

Coisas que se vêem, metafísicas que se sentem. O sol vai alto sobre o areal da Figueira. Num terreiro entre a praia e a desembocadura do Mondego um punhado de gaivotas enfurecidas disputa um saco de lixo azul ciano.
Cruzo o terreiro e disperso-as sem malícia. As gaivotas ganham para si as horas e levantam em fúria, circulando como abutres a dois palmos da minha cabeça. Em órbitas imperfeitas, uivam melindrosas.
A alguns passos, num canto do terraço, numa pendência quieta sobre a margem do rio, as roulottes e as caravanas do circo. Nas netherlands da Figueira, o mar rugindo a curtos passos, um circo incógnito e as gaivotas.
Na fachada noroeste da maior roulotte, a sindicância dos nomes: Circo Nederland, "el número uno de los circos infantiles. Nunca dele ouvira falar, mas as primeiras vezes existem. O mar chama-me e eu obedeço. A vida tambem é isto: transumância.