sábado, fevereiro 19, 2005

Triste,
rosa triste de todos os meus dias.
Recolho em ti palavras que são mágoas
e em teus olhos não mais que essa luz
de desertos varridos por noites frias e tardes quentes,
em teus olhos não mais que ausência
não mais que a memória das horas insubmissas
em que quis ser eu a elipse precipitada,
o orvalho e a manhã em fúria, em fausto
na vertigem do teu corpo de torpor e mármore.
Essa é a tua dor,
a dor mínima de todos os malabarismos do Universo,
essa dor dos claustros e do silêncio
das alamedas, dos semáforos, dos crespos do mar
a dor grave das cidades quando anoitece
e pelas ruas és tu quem naufraga,
e a luz dos teus olhos (luz de solstício)
é quem ordena, quem comanda, quem destrói,
quem se aporfilha de todas as coisas
como se fosse tua a última inspiração
e tua a ordem para os planetas fulgirem
e os corpos se amarem

A tua dor, mínima, é a dor das planuras.